terça-feira, 28 de março de 2017

Como Funciona o Corpo Humano

Cena do Seriado "Love"

     Meu corpo liberava uma quantidade enorme de endorfina ao iniciar uma rotina de exercícios físicos. Era a sua maneira de dizer: "Aqui está a recompensa, agora pare com isso!". Eu insistia no programa e logo o corpo decidia mudar de estratégia. Ele, então, passava a liberar cada vez menos o hormônio da satisfação e optava por implantar uma ilusão.

    Ideias brilhantes surgiam em minha mente e eu escrevia crônicas, contos, roteiros, romances. Acreditei que tinha talento e suspirava de satisfação ao reler as minhas palavras. A dedicação era imensa a ponto das composições literárias perdurarem o dia inteiro. Eu era um gênio nato.

     Meu cérebro ficou desgastado e meu corpo rapidamente tomou uma atitude. Recebi o único pensamento capaz de frear aquela loucura: "Pare de perder tempo, você não tem talento!". Analisei os meus textos e fui dominado por um sentimento de vergonha. Eu era um escritor medíocre, incapaz de criar algo decente. A partir daquele momento, nasceu uma sede por diversão.

     Os meses seguintes foram preenchidos por filmes, seriados, video games, festas e rodas de amigos. Esse rumo foi responsável por desencadear a conclusão mais perigosa de todas: "Eu estou desperdiçando o meu potencial!". No entanto, aquele era o jeito do corpo me enganar mais uma vez. Na verdade, ele estava insatisfeito com a atual situação financeira e desejava um conforto maior.

     Estudei diariamente, durante um ano, até conseguir ser aprovado em um concurso público. A estabilidade me acomodou e, em pouco tempo, adquiri alguns quilos a mais. A gordura extra começou a gritar: "Obesidade! Hipertensão! Colesterol! Diabetes! Solidão!". 

     Retornei à rotina de exercícios físicos... 

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